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Personalidade financeira - Saiba como o seu perfil psicológico pode afetar a sua vida financeira
(01/07/2012 - 20:07)

Você não sabe direito a data de vencimento das contas mensais? Vai ao supermercado sem antes verificar o que precisa comprar? Tem a agenda desorganizada e acaba esquecendo compromissos importantes? Provavelmente, a sua vida financeira não está nos melhores dias. E a sua personalidade afeta muito mais a sua conta bancária do que você gostaria de imaginar, e nem sempre a solução para os problemas financeiros está na ponta do lápis do contador, mas na de um psicólogo.

 

Pode parecer até incomum a relação entre o perfil psicológico e o saldo da conta bancária, mas que mulher nunca foi para o shopping num dia "daqueles" e estourou o cartão de crédito? Ou que homem nunca deu cambalhotas para comprar o melhor carro do mercado?  Para entender melhor a relação da personalidade com o dinheiro, conversamos com a psicóloga, psicopedagoga e orientadora do comportamento financeiro Patricia de Rezende.

 

Maisde50 - O modo como lidamos com dinheiro tem a ver com o nosso perfil psicológico?

Patricia de Rezende – Sim. Inclusive, numa entrevista inicial durante a consulta, os relatos que o paciente traz sobre sua forma de lidar com o  dinheiro contribuem para traçar o caminho que deverei seguir durante o tratamento.


Maisde50 - Conforme amadurecemos na vida, nosso comportamento com as finanças também amadurece?

PR - Sim. Maturidade emocional reflete-se em atitudes financeiras maduras. Esse amadurecimento ocorre com o desenvolvimento psicológico. Ele acontece através da troca de afetos que estabelecemos com o mundo desde a nossa concepção e vai ter papel fundamental nas nossas relações. As finanças são um dos meios de estabelecer troca com o outro, logo, isso trará consequências.


Maisde50 - Como a nossa personalidade afeta a nossa vida financeira?

PR - A nossa personalidade é formada até os seis anos de idade, aproximadamente. Se esse processo de amadurecimento ocorre dentro do esperado, o indivíduo estabelecerá com o  mundo relações de afeto, de amor. Assim sendo, podemos esperar desse indivíduo a troca em situações que envolvam finanças. Agora, se o processo for dominado por angústias, podemos ter a formação de "sintomas" que, quando projetados nas finanças, podem refletir-se em indivíduos ávaros, perdulários, ou que apresentem o consumo e/ou privação tão acentuados que podem até levá-los à miséria.


Maisde50 - O modo como tratamos o dinheiro pode revelar doenças psicológicas? De que tipo?

PR - Freud, em seus estudos sobre o desenvolvimento da personalidade, afirmava que certos acontecimentos vivenciados na infância podiam determinar alguns distúrbios emocionais, interferindo, assim, na saúde e adaptação social na vida adulta. Baseada em sua teoria, levantei a hipótese de que algumas formas como nos relacionamos com o dinheiro podem ser consequência desses distúrbios, na tentativa de encobrir conflitos emocionais. No entanto é necessária uma avaliação antes de se afirmar isso.


Maisde50 - Emoções afetam os nossos gastos?

PR - Seguindo esse raciocínio, sim. Em algumas decisões, sejam de gastos ou mesmo de ganho e investimento, a emoção pode estar sendo fator de decisão. Isso ocorre quando um fato desencadeia um conflito, e, então, a pessoa se deixa tomar pela emoção, agindo impulsivamente.


Maisde50 - Alguns psicólogos afirmam que falar sobre sexo é mais fácil do que falar de dinheiro. Você concorda?

PR - Sem dúvida. Porque quando você fala em dinheiro, lida com aspectos muito íntimos. No entanto, falar sobre sexo, embora já seja mais fácil, ainda é tabu. As duas questões estão muitos ligadas. Vejo isso claro na clínica, inclusive abordo o assunto no meu trabalho de conclusão de curso de pós-graduação em Pedagogia, onde cito Alicia Fernandez: "Se analisarmos a modalidade de aprendizagem de uma pessoa, veremos semelhanças com sua modalidade sexual e até com sua modalidade de relação com o dinheiro. Pois a sexualidade como a aprendizagem e até a conquista do dinheiro, são maneiras diferentes que o desejo de possessão do objeto tem para apresentar-se”.


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  Sitio publicado em 05/07/2007